sábado, 16 de outubro de 2010

sobre a inércia psicológica

A mente às vezes prega truques em seus, bom, digamos, "usuários". Dias mais longos ou mais curtos. Dor boa. Prazer ruim. Suor frio e calores de formigamento. Mas esses são meros truques físicos, originados do simples fato de não existir coisas simplesmente boas ou ruins. Não há um demoniozinho e um anjinho em nossos ombros nivelando a bondade e maldade. A maldade e a bondade não são aspectos inerentes das coisas. São tendências de contexto, meramente. Até porque demônios um dia foram anjos, se tu acreditas nessa, digamos, "vertente filosófica", que por não ser sustentada por nada a não ser ritos e rituais, acaba por ser chamada de religião. Não aponto erro, no señor, mas apenas não creio nisso. Mas não, não há coisas boas e más da vida, há momentos bons e momentos ruins. E momentos péssimos, claro.

Mas o que mais motiva a mente dos seres dotados de uma mente de cunho filosófico, ou lógico, ou racional (em outras palavras, pessoas que sabem a diferença entre o "ser", o "estar", e sabem que o "existir" é, no mínimo, uma grande bobagem) indifere. Um grande desperdício de tempo, neurônios e principalmente de saco. Mas o que tira-se disso? Oras, é claro. Não há pílula vermelha alguma. Se estamos em uma ilusão ou não, quem sabe? A ilusão é um engano sensorial, e a partir do momento que nascemos somos submetimos ao dogma dos cinco sentidos. A realidade montada por nervos, e não por parâmetros. O que é real não importa. Não podemos nem apontar se há uma razão para tudo ou se tudo é nada, afinal. Os mais bem-espiritualizados tem a noção de realidade de um PDA de GPS que apenas diz, em letras de forma, as palavras "QUENTE" e "FRIO". As vertentes filosóficas todas só tentam assumir o calor ou ausência de calor da fogueira metafórica da "realidade real" e se conformar com isso, tentando também mostrar que o "meu pé está queimando e muitíssimo bem, obrigado" e que "se não sentes teu pé queimando é por ser burro". Não há ilusão de calor, nunca.

E há também a ilusão de estar ou não no volante do carro da própria vida. Alguns pensam conforme livre-arbítrio, mas num mundo onde todo o padrão comportamental é ditado por uns punhados de papel e uma penca de homens-de-bem (teoricamente, claro, num universo sem atrito, com as massas das cordas e roldanas desprezíveis) a largura de permissão de livre-arbítrio acaba sendo a mesma de dirigir dentro de um túnel em engarrafamento eterno: siga adiante, nem ouse mudar de pista. E se mudares de pista, tentares dar uma ré do nada, é o fim, hermanito. Claro, há as pessoas que eventualmente desligam o carro, descem do veículo e tentam seguir andando, deixando tudo para trás. Essas eventualmente são atropeladas ou multadas por obstrução de rodovia.

Enfim.

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