domingo, 17 de julho de 2011

Ao desperdício de tempo que é ter opinião própria.

A mocinha pobre e triste se casa com um executivo bonitão e rico e tudo acaba bem.

O mocinho pobre dá uma volta na vida e casa-se com a menininha que era uma patricinha desgraçada que aprende a valorizar as outras pessoas.

O malvado com cara de malvado que sempre se dá mal no final. Ou se sacrifica e tem uma redenção absurda. E é tratado como bonzinho. Acha seu grande amor no último episódio da novela.

O amigo gay que só sabe cortar cabelo e costurar roupas e fazer fofocas, com suas calças justas e todo o glitter e tudo mais. No fim ele acha alguém com o mesmo estereótipo. Sair do armário significa entrar em mais um clichê.

E clichês se empilham. Formam um castelinho, onde o coletivo se acolhe, se abriga, onde faz uma casa e um lar e forma família e a risada é esculpida no rosto com martelo e cunha.

Os clichês, o maniqueísmo. O final feliz.

O instinto coletivo e o sentimento coletivo e a ignorância coletiva.

Mas tá tudo bem, porque domingo tem futebol, e quarta tem futebol.

Domingo tem churrasco com a família, quinta tem sexo com a patroa. Quem sabe visitar aquele cunhado insuportável no sábado? Ou aquela tua tia que não vemos desde o ano novo?


E eu aqui, perdendo meu tempo tentando ter opinião própria, tentando diferir disso tudo, fugir do padrão, e me sentindo uma aberração por isso.

Um comentário:

  1. Quando aparece uma idéia que parece muito boa, o mundo estaciona pra ouvir.
    E até o trânsito fluir para a outra, osíres.

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