domingo, 15 de novembro de 2009

Cronologia aleatória, parte 5

Amanhece. E ela foge de onde o deixou. Atônita. Não era uma assassina, não era! Mas, as circunstâncias fazem o ladrão. E assassinato é, de certa forma, um roubo, como todos os crimes são. Era uma criminosa. Uma criminosa. Mas isso não importava mais. Não fazia diferença. Decide não se esconder mais e volta para casa.

Ao sair da rodovia e entrar na estrada privativa da propriedade, percebe que a casa está completamente vazia, ou ao menos aparenta estar. Agradece a si mesma por ter copiado sem permissão as chaves enquanto ainda não havia toda essa bagunça instalada. Entra na propriedade e, depois, em casa. Totalmente vazia. Bom, seus pais costumavam viajar, de qualquer forma. Ignora o vácuo e toma um banho. Longo, demorado. Ao sair do banho olha no relógio. Nove da manhã, em ponto. Ainda só nas roupas de baixo, decide ir caminhar um pouco na praia. Pega seu roupão branco, clássico, até clichê, e sai. Caminha alguns segundos e se depara com algo que não deveria estar ali. Um embrulho humano, aparentemente morto. Não. Pernas se contraem. Um embrulho humano adormecido. Corre para o embrulho, apenas para notar que as cordas estavam grossas demais para que ela pudesse imaginar qualquer forma de abrir aqueles nós de mãos limpas. Por mais que tenha levantado o peso de um homem anteriormente. Corre para casa, pega um cutelo, e volta ao embrulho primata. COrta as cordas e desencosta o rosto dele da areia. Respirava normalmente, mas tinha a boca seca, muitas luxações, talvez umas costelas quebradas.

Então reconhece o rosto, ainda adormecido. Não podia ser! Ela acabara de matar um homem para vingar a morte do rapaz que estava à sua frente.

Ouve barulho de pneus na estrada estreita. "Droga!". Havia esquecido de trancar os portões.

O barulho cessa. Porém um estampido se instala por milésimos de segundo. E então sente seu roupão ficar molhado. Olha para o lado direito do tórax e vê aquele líquido ambiguamente vital e fatal, a lhe fatalizar.

E então vê um passo dolorido, uma arma pontada para ela. Agora de calibre maior. Cabelos grisalhos. Oleosos. Sem volume.

E então, nada.

Um comentário:

  1. Que alucinante...

    Sempre fico aflita com historias de correria, suspense e tiros *-*

    Very good ^^

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