sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Cronologia aleatória, parte 3

Ia dirigindo pela pista de fora. Velocidade comum, nada de muito rápido. Olhava para os retrovisores regularmente, porém estava numa estrada que em tais horas era bem deserta.

Quatro da manhã. Em ponto. Desvia para a pista do meio para entrar na ponte. Passa por uma caminhonete oitentista com dois sujeitos dentro e um subindo na caçamba. Ignora. Melhor não levantar suspeitas. Segue seu caminho persistentemente. "Mais longe", pensa ela, "mais longe". Pára em um posto de gasolina para ir ao banheiro e comprar um café. Na mesa da lanchonete um sujeito de cabelos grandes-mas-não-compridos, grisalhos, olhos circundados de rugas e de olheiras, a fita longamente. De cima a baixo. Por fim, ignora-a, levanta-se, paga a conta e sai, em seu carro pequeno, prateado. Pede e paga seu café à atendente ruiva de lábios e seios fartos. Ela lhe diz "volte sempre, xuxu". "Ah, com certeza volto nesse fim de mundo", pensa ela, com desdém.

Segue por mais uns cinco quilômetros pela rodovia e então desvia para uma rodovia de terra batida. Anda cinco minutos e pára. Dá a volta. Pára, novamente. Retira uma faca de remover escamas de peixe de dentro do porta-luvas e sai do veículo. Abre o porta-malas e remove o sujeito amarrado de dentro, com certo esforço. Espera. Ele desperta. Então ela diz "bom dia, benzinho, vim trazer teu café-da-manhã!". E crava a faca em sua barriga, na altura dos intestinos. Uma vez. Dentro e então fora novamente. Limpa a faca na roupa do homem. "E aproveite teus minutos, eles estão acabando", conclui. Aplica-lhe um chute na cabeça, que o deixa desvanecido, então chuta-o nos membros e no corte, remove as cordas do homem, arranca com o veículo e se vai.

Nenhum comentário:

Postar um comentário