quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Aroma do desgosto

Simplesmente não sabes.
Pareces não falar minha língua.
Ou, talvez, eu tenha aprendido a falar em um idioma que nem eu mesmo compreendo direito, quem dirá os outros.
Será?
Fato é que não sabes que o tempo que passou também é tão seletivo quanto o presente. Se o passado em algum momento não significa nada ou algo no presente significa mais, então esse deveria ficar pra trás, apagado como se realmente não houvesse nada. Mas se o que fizeres alterar totalmente meu julgamento sobre ti, durará para sempre, feito cicatriz de corte que molda traços disformes no osso embaixo da carne.
Fica. Permanece.
Não me compreendes. Sinto que falo como que para um amino-ácido, do qual necessito mas com o qual não há comunicação.
É.
Só pode ser isso.
Eu te gosto e desgosto, e tu me causas ânsia de vômito. Me faz querer quebrar tuas paredes, teus ossos, teus átrios e ventrículos de teu coração.
Me dás vontade de retribuir o que fizeste. Não, não é vingança. É um senso delicado de equilíbrio que nasce do irracional. Do intrínseco. Do instinto.
E quem dera compreenderes minha língua. Assim poderia te dizer, com todas as palavras, mesmo que não verbalizadas, o quanto te odeio. E o quanto preciso de ti. O quão errada és e mesmo assim quão perfeita fica para mim.
Um ódio perfeito.
Além dos sentidos.
Som de dor. Cor da agonia. Aroma de desgosto.

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