segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O crítico de reciclagem social (trecho aleatório de narrativa inexistente).

Totalmente sem perspectivas, ele atravessa o corredor central de entrada do hotel. Um quatro estrelas qualquer. Pede um quarto. Uma noite, café da manhã, e estrada novamente. Paga adiantado. Sétimo andar, quarto 712. Abre a pequena geladeira, que ele insiste em não chamar de "frigobar" por motivos pessoais. Retira duas garrafas de vodca aleatória e lhes esvazia na garganta. Não deviam ter mais de meio litro, ao todo. Dorme tranquilamente. Acorda, desce à sala de refeições do hotel. Um café com leite, um café preto sem açúcar. Um par de torradas puras, com margarina com sal. E se retira do hotel. Abre um caderno na última página escrita, pula duas linhas, assinala a data e o nome do hotel. E então adiciona às linhas o breve mas sucinto texto "Acomodações adequadas. Pouco movimento. Saída de incêndio externa em estilo norte-americano, perfeita para 'emergências'. Estacionamento abaixo do edifício. Dois elevadores sociais, um elevador de serviço. Ambos vão até o subsolo. Há a tecla 'L', que impede paradas solicitadas. Veredicto: apropriado. PS: descobrir, por curiosidade, o que significa o tal 'L'.".

E, então, conclui, com um sorriso dissimulado, enquanto atravessa dois bairros até chegar à beira do mar, em direção ao mirador, que era hora de colocar o lixo no lixo.

Um comentário: