quinta-feira, 15 de julho de 2010

Jornada de não-trabalho

Acordou e rolou para o chão e rastejou para fora do quarto. Molhou o rosto da água gelada dos canos em julho, bagunçou um pouco mais o cabelo e ensaiou um sorriso para si mesmo. Sorriso. Rambo face. E risadas solitárias num banheiro de apartamento de solteiro num prédio qualquer. Bagunçou mais um pouco o cabelo, testou seus não-músculos no espelho e foi à cozinha. Pegou qualquer bebida láctea na geladeira e bebeu no gargalo. Pegou um punhado de cereal matinal na caixa e agrediu a gengiva. E estava pronto para o seu maravilhoso dia.

Liga o computador, coloca alguma coisa com graves displicentes para tocar. Sobe no sofá e surfa nas almofadas densas. Gira e gira e cai deitado. Ri sozinho, olhando para o teto. Vai para a janela, acende um cigarro e o absorve por um tempo de vida inteiro - uns poucos minutos, lentamente.

Desliga o som, desliga a mente, desliga o corpo. Cai novamente, e fica estendido na cama por horas.

E é para isso que ele trabalha tanto. Para ter uma boa cama, um bom computador, um bom maço de cigarros num bom apartamento onde ele possa se orgulhar de não fazer nada de forma extremamente confortável.

E, sem se importar se foi ou não convidada, sua barba continua crescendo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário