tag:blogger.com,1999:blog-3522521095410528932024-02-08T05:48:19.356-08:00absolutamente nada.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.comBlogger89125tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-45587814698670953932011-07-17T13:20:00.000-07:002011-07-17T13:31:43.911-07:00Ao desperdício de tempo que é ter opinião própria.A mocinha pobre e triste se casa com um executivo bonitão e rico e tudo acaba bem.<br /><br />O mocinho pobre dá uma volta na vida e casa-se com a menininha que era uma patricinha desgraçada que aprende a valorizar as outras pessoas.<br /><br />O malvado com cara de malvado que sempre se dá mal no final. Ou se sacrifica e tem uma redenção absurda. E é tratado como bonzinho. Acha seu grande amor no último episódio da novela.<br /><br />O amigo gay que só sabe cortar cabelo e costurar roupas e fazer fofocas, com suas calças justas e todo o glitter e tudo mais. No fim ele acha alguém com o mesmo estereótipo. Sair do armário significa entrar em mais um clichê.<br /><br />E clichês se empilham. Formam um castelinho, onde o coletivo se acolhe, se abriga, onde faz uma casa e um lar e forma família e a risada é esculpida no rosto com martelo e cunha.<br /><br />Os clichês, o maniqueísmo. O final feliz.<br /><br />O instinto coletivo e o sentimento coletivo e a ignorância coletiva.<br /><br />Mas tá tudo bem, porque domingo tem futebol, e quarta tem futebol.<br /><br />Domingo tem churrasco com a família, quinta tem sexo com a patroa. Quem sabe visitar aquele cunhado insuportável no sábado? Ou aquela tua tia que não vemos desde o ano novo?<br /><br /><br />E eu aqui, perdendo meu tempo tentando ter opinião própria, tentando diferir disso tudo, fugir do padrão, e me sentindo uma aberração por isso.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-24749185165821516362011-05-01T16:57:00.000-07:002011-05-01T17:00:54.442-07:00O diário do figurante.Mais um belo dia, nublado mas tranquilo, sem ventos nem nada. Me dirigi até uma parada de ônibus e fui até meu trabalho. Captei alguns olhares cativantes no caminho. Produzi bem, olhem como sou um trabalhador ideal. Quinze vendas em um dia, que maravilha. Talvez daqui uns seis meses eu ganhe um aumento. Não, claro que não. A empresa fará uma limpa para contratar novos novatos sem experiência daqui a duas semanas. Bom, já vou mandando meu currículo para outras empresas similares então. Bom, é isso diário, volto ao meu casulo de normalidade, quem sabe amanhã eu não saia com meus amigos de trabalho após o término do turno para beber algumas cervejas geladas no bar há duas quadras da firma. Quem sabe. Será divertido.<br /><br />Fim de narrativa.<br /><br />PS: e ele pegou a corda, amarrou uma ponta no suporte da cortina, passou a curva do nó no próprio pescoço como se fosse uma gravata, e sentou na janela a olhar o horizonte. Quem sabe o que pode acontecer.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-61361244556049531262011-05-01T16:51:00.000-07:002011-05-01T16:55:05.780-07:00Desfigurado.Um belo dia, acordou o sol bem em cima de um indivíduo sem individualidade. E tal indivíduo, perturbado pela ausência de cuidado de tal astro plasmático, ergueu uma mão em palma perpendicular às sobrancelhas e resmungou qualquer coisa a si mesmo.<br /><br />Caminhou por meia hora até chegar ao edifício. Entrou. Cumprimentou o segurança e o porteiro, ambos atrás da mesa de pseudo-mármore. Apertou o botão que solicita o elevador e esperou. Entrou na cabine. Apertou o número 15. Desceu no andar. Destrancou a porta de seu consultório, abriu a janela para a bela manhã de outono e esperou seus clientes.<br /><br />E um a um eles saltavam pela janela em direção ao mundo desfigurado. E além. Rumo ao nada.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-63338797322144037422010-11-15T17:38:00.001-08:002010-11-15T17:43:26.861-08:00Um ode ao conhecimento pseudo-íntimo tão chamado de amizade.Há três tipos de conhecimento às personalidades alheias: aquilo que aparentamos ser; aquilo que nós fingimos ou tentamos parecer ser; e aquilo que as pessoas pensam que somos. Nenhuma das três <span style="font-style:italic;">personæ cognitæ</span> é quem somos de verdade. Mas partindo-se daquilo que observa-se em comum, ninguém é o que acha que é. E, claro, não há como fugir da condição de egoísmo absoluto, que disfarçamos com máscaras de altruísmo no nosso dia-a-dia. Alguns mais, outros menos.<br /><br />E não, não lembro o que é um bendito ode. Chame isso de incoerência, mas continua sendo apropriado.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-37883182959147661462010-11-01T12:58:00.001-07:002010-11-01T13:08:49.335-07:00O crítico de reciclagem social (trecho aleatório de narrativa inexistente).Totalmente sem perspectivas, ele atravessa o corredor central de entrada do hotel. Um quatro estrelas qualquer. Pede um quarto. Uma noite, café da manhã, e estrada novamente. Paga adiantado. Sétimo andar, quarto 712. Abre a pequena geladeira, que ele insiste em não chamar de "frigobar" por motivos pessoais. Retira duas garrafas de vodca aleatória e lhes esvazia na garganta. Não deviam ter mais de meio litro, ao todo. Dorme tranquilamente. Acorda, desce à sala de refeições do hotel. Um café com leite, um café preto sem açúcar. Um par de torradas puras, com margarina com sal. E se retira do hotel. Abre um caderno na última página escrita, pula duas linhas, assinala a data e o nome do hotel. E então adiciona às linhas o breve mas sucinto texto "Acomodações adequadas. Pouco movimento. Saída de incêndio externa em estilo norte-americano, perfeita para 'emergências'. Estacionamento abaixo do edifício. Dois elevadores sociais, um elevador de serviço. Ambos vão até o subsolo. Há a tecla 'L', que impede paradas solicitadas. Veredicto: apropriado. PS: descobrir, por curiosidade, o que significa o tal 'L'.".<br /><br />E, então, conclui, com um sorriso dissimulado, enquanto atravessa dois bairros até chegar à beira do mar, em direção ao mirador, que era hora de colocar o lixo no lixo.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-22693524040007030962010-11-01T12:53:00.000-07:002010-11-01T12:56:10.645-07:00Um delicioso imprevisto.Pois, nem sob abrigos psicotrópicos, nem sob mutilação voluntária, nem debaixo das mais subterrâneas rochas, nunca se poderá fugir dos dois gêmeos parasíticos chamados Consciência e Personificação.<br /><br />Só resta embebedá-los e agir nas trevas. Ou nem.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-60915402906083280912010-10-28T20:12:00.000-07:002010-10-28T20:26:12.210-07:00Canivete-de-mola de Occam.E, enquanto boa parte da multidão brandia a mesma bandeira. Enquanto todos bradavam o mesmo nome. A mesma legenda. A mesma ideologia. A mesma cor. A mesma simbologia. Enquanto todos se agitavam como um tronco podre de madeira totalmente preenchido de vermes, que repentinamente é quebrado e obriga os vermes a se socarem ainda mais, pulsando, vibrando juntos, de forma totalmente aleatória. Sem nem saber o motivo. Só porque o resto dos vermes também pulsava. Também se balançava. Enquanto todos seguiam adotando as ideias alheias, comprando a luta que nem sabiam muito no que consistia, ele se mantinha de fora.<br /><br />E observava. E cortava com seu canivete-de-mola, que só ele via, o tecido engordurado da realidade. E via o recheio desse aglomerado, sem indivíduo, uma unidade, uma entidade, que só poderia ser chamada de algum nome como Massa. Com M maiúsculo. Via essa entidade de forma transparente como um cristal polido de quartzo macrocristalino anédrico. As palavras flutuavam, nítidas, sobre a Massa. Lia-se "a Massa é imbecil".<br /><br />Ele sabia que se fosse empurrada pelo seu Pai, a Massa iria cegamente a qualquer lugar. Deixaria que lhes tirassem o chão debaixo de seus milhões de pés. E cairia, sem perceber até se chocar contra o fundo distante do Poço, se espatifando de volta nos indivíduos. Muitos dos indivíduos partidos. Mas a Massa não aprende. Só o indivíduo aprende.<br /><br />Então se abaixou junto do solo e puxou o Assoalho com toda a sua força.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-50246799765264923762010-10-16T22:00:00.000-07:002010-10-16T22:27:22.791-07:00Leitmotif.Abotoou sua camisa branca, de mangas longas, até todos os botões menos o da gola, pôs seu paletó e sua calça, ambos castanho-claro, uma gravata castanho-escuro e um par de sapatos pretos, de cardaço de secção esférica fina. Pegou seu chapéu meio-panamá, preto, e abriu a porta. Pegou seu isqueiro, seu guarda-chuva comprido (daqueles de ponteira metálica), suas chaves e seu maço de cigarros e partiu. Entrou no carro, virou a chave meio-ciclo para verificar a quantidade de gasolina no tanque. Três quartos cheio. Hmm, bom, deve ser o suficiente para um propósito tão despropositado quanto o seu. Ligou efetivamente a ignição e saiu a rodar.<br /><br />Saiu da cidade, pegou uma rodovia estadual qualquer e seguiu. Após cinco horas chegou a uma rodovia federal, e então entrou nela pela rótula e seguiu por ela no sentido noroeste. E seguiu por mais três horas. Parou em um posto de gasolina e encheu o tanque novamente. A crédito, no cartão - o único que mantinha, para emergências. Seguiu até se cansar das quatro faixas de asfalto em sua frente, então começou a procurar por cidades. Passou por quatro entradas de cidade, e então achou outra rodovia estadual - já em outro estado, nem sabia como havia chegado a tal. Dobrou em direção a estadual e a tomou. Entrou na terceira cidade que achou - uma cidade pequena mas completa, de estilo urbano/suburbano. Procurou um hotel que tivesse ao menos quatro estrelas, para não ter de procurar restaurante nem ter de se incomodar com infortúnios devido à falta de qualidade e aos amigos que a mediocridade hotelária traz. Achou um, de quinze andares, ocupando uma face de quadra. Tomou um quarto simples, de suíte mas com cama de solteiro. Modesto, mas pediu serviço de quarto a todas as refeições secundárias. Desceria para tomar o café da manhã e o da tarde, bem como para almoçar e jantar. E se fixou ali por um mês. Não era ano de eleição, então não se preocupou com títulos. Já havia cancelado as contas de água, luz, gás e telefone, e retirado seu endereço de diversas contas secundárias que não mais teria; as demais cartas ele encaminhara para a casa de um irmão seu que morava mais alguns pares de centenas de quilômetros ao norte. Com o tempo passou a ser reconhecido pelos membros do corpo de serviço do hotel. Pagava sua conta a cada semana que encerrava. Ia de vez em quando ao cinema local, distrair sua mente. Comprava alguns livros de bolso, os quais lia e jogava fora, pois não queria se apegar a um lugar de ar tão transitório. Um belo dia encerrou sua conta e pegou novamente o rumo da estrada, agora sabendo aonde queria ir.<br /><br />Mais duas rodovias estaduais, uma rodovia federal, e então mais duas estaduais, e então na sexta cidade que encontrou ele entrou. Passou pela praça da parcela oeste do município, e então duas quadras acima ele dobrou à esquerda. Parou em frente à casa verde-abacate. Buzinou uma. Duas. Cinco vezes. Então um sujeito igual a si, porém com roupas bem mais soltas, informais, atendeu à porta. Chamou-lhe irmão. Recebeu sua correspondência desviada. Pediu ao irmão para começar a rejeitar as cartas, pedindo ao carteiro para encaminhá-las como extraviadas, ou como endereço errado, ou como destinatário não encontrado, ou qualquer desculpa dessas. Pegou suas correspondências e entrou, pois fora convidado. Eram quatro e meia da tarde, e era outono. Tomaram chávenas de café, acompanhado de pão com frios. Despediu-se e saiu. Entrou no carro, leu todas as cartas - as contas lera por cima, e as cartas redigidas de forma direta parou mais um tempo para ler. Jogou-as todas na lixeira da casa do irmão, na calçada. Entrou no carro, abasteceu mais uma vez, pediu para encher uma garrafa de dois litros e meio com gasolina reserva e entrou no carro. Rumou o mais diretamente ao leste que conseguiu. Chegou ao mar. Não era uma praia de areia, e sim de pedras. Acendeu o isqueiro. Abriu a garrafa de gasolina e despejou pelos estofados, pelas janelas, pelas entradas de ventilação do carro. Deixou o isqueiro cair. Estava em um declive. Soltou o freio de mão e saiu do carro. O pequeno sedan prateado entrou em chamas no mar. Em certo momento, já há uns dez metros dentro da água salgada, explodira. O homem observou o evento com um sorriso no rosto. Procurou o isqueiro para acender um cigarro e lembrou-se de que havia deixado-o no carro. Foi até um mercadinho e comprou um isqueiro descartável, barato. Acendeu um cigarro e se deitou na praia. Ficou até o final do dia deitado nas pedras, fumando e olhando para o céu. Quando o maço acabou, saíra pelas ruas e travessas. Roubou um carro de uma velha senhora que fazia compras num mercadinho de bairro. Acelerou o máximo que pode em uma contramão. Um caminhão. O impacto. A colisão não deixara muito o que identificar do velho carro a álcool preto da senhora. Por algum motivo, nos últimos segundos antes do choque, lembrara-se do poema O Corvo, de Edgar Allan Poe. Lembrou de forma fugaz do como gostava de salientar que toda poesia possuia o "poe-" de Edgar Allan Poe. Então o choque. E então, ninguém sabe dizer. Eu diria que fora a escuridão. Mas o que é a vida, senão uma escuridão com recortes coloridos cubrindo-a? Nem seus pedaços de carne e gordura espalhados pelo asfalto e pelo que fora uma vez o interior do carro saberiam responder. Muito menos seu velho chapéu meio-panamá.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-75802752964417278892010-10-16T21:58:00.000-07:002010-10-16T22:00:12.932-07:00interlúdio.Porque se Matrix ocorresse num universo possível (como o nosso), a pílula vermelha seria um supositório do tamanho da perna do Morpheus. E a pílula azul seria... bom, uma pílula azul.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-67635425744765856452010-10-16T19:11:00.000-07:002010-10-16T19:23:37.482-07:00A incrível reviravolta de uma vida qualquer.Lúcia tinha tudo que queria. Tinha uma bicicleta. Um carro popular confortável. Uma estante cheia de livros dos quais ela provavelmente não lera um quinto. Duas prateleiras lotadas de DVD's, dentre eles alguns boxes, dos quais ela nunca viu o último DVD de pelo menos a metade. Uma cama de casal, com box, colchão de molas, encosto macio e um notebook que permitia-lhe verificar seus muitos perfis em redes sociais durante todo o dia, em qualquer canto da casa devido ao maravilhoso advento da internet wi-fi. Estudava (Letras, em Português, por ser uma criatura extremamente única, de mente aberta para o mundo inteiro, mas não ser muito boa com desenhos, nem com teoria de música, nem com atuar em cima de um palco de chão de madeira, e nem nada desses luxos, embora ela acreditasse apreciar todos eles, e eles de fato lhe deixavam feliz, mas nunca os analisava de forma técnica. A vida é um grande improviso, ela cria. Mas nunca ponderou que os improvisos sempre são em cima de bases já conhecidas). Trabalhava (era garçonete em um café de sua cidade, consideravelmente grande para o tipo de estabelecimento que é. Escuro, como todos são, mas sem áreas para fumantes). Tinha por hábito sair de meia em meia hora, ir aos fundos com uma dose furtada de Red Label, fumar dois Lucky Strike em sequência, e então tentar lembrar do último filme que vira, o último livro que lera, e sobre nada. Era uma garota normal, agradável, no auge dos seus 21 anos. Unhas vermelhas, descascando. Sabia perceber o charme das pequenas imperfeições do dia-a-dia. Sentia-se meio desapontada por ter a visão perfeita, pois simplesmente amava aqueles óculos que suas colegas usavam, se bordas grossas, com lentes do diâmetro de uma bolacha maria pelo menos, e ficariam tão bem com seu rosto cheio de curvinhas, com o queixo saltado como o vértice suave do fundo de uma avelã. Era uma garota agradável. Gostava de autores alternativos, diretores de cinema alternativos, bandas alternativas. Vivia uma clássica vida "alternativa", sendo um padrão que lhe cabia muito bem.<br /><br />Um dia, entre suas compras discretas de livros, ela comprou um livro do Aldous Huxley.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-59274913810734754792010-10-16T18:55:00.000-07:002010-10-16T19:22:52.063-07:00sobre a inércia psicológicaA mente às vezes prega truques em seus, bom, digamos, "usuários". Dias mais longos ou mais curtos. Dor boa. Prazer ruim. Suor frio e calores de formigamento. Mas esses são meros truques físicos, originados do simples fato de não existir coisas simplesmente boas ou ruins. Não há um demoniozinho e um anjinho em nossos ombros nivelando a bondade e maldade. A maldade e a bondade não são aspectos inerentes das coisas. São tendências de contexto, meramente. Até porque demônios um dia foram anjos, se tu acreditas nessa, digamos, "vertente filosófica", que por não ser sustentada por nada a não ser ritos e rituais, acaba por ser chamada de religião. Não aponto erro, no señor, mas apenas não creio nisso. Mas não, não há coisas boas e más da vida, há momentos bons e momentos ruins. E momentos péssimos, claro.<br /><br />Mas o que mais motiva a mente dos seres dotados de uma mente de cunho filosófico, ou lógico, ou racional (em outras palavras, pessoas que sabem a diferença entre o "ser", o "estar", e sabem que o "existir" é, no mínimo, uma grande bobagem) indifere. Um grande desperdício de tempo, neurônios e principalmente de saco. Mas o que tira-se disso? Oras, é claro. Não há pílula vermelha alguma. Se estamos em uma ilusão ou não, quem sabe? A ilusão é um engano sensorial, e a partir do momento que nascemos somos submetimos ao dogma dos cinco sentidos. A realidade montada por nervos, e não por parâmetros. O que é real não importa. Não podemos nem apontar se há uma razão para tudo ou se tudo é nada, afinal. Os mais bem-espiritualizados tem a noção de realidade de um PDA de GPS que apenas diz, em letras de forma, as palavras "QUENTE" e "FRIO". As vertentes filosóficas todas só tentam assumir o calor ou ausência de calor da fogueira metafórica da "realidade real" e se conformar com isso, tentando também mostrar que o "meu pé está queimando e muitíssimo bem, obrigado" e que "se não sentes teu pé queimando é por ser burro". Não há ilusão de calor, nunca.<br /><br />E há também a ilusão de estar ou não no volante do carro da própria vida. Alguns pensam conforme livre-arbítrio, mas num mundo onde todo o padrão comportamental é ditado por uns punhados de papel e uma penca de homens-de-bem (teoricamente, claro, num universo sem atrito, com as massas das cordas e roldanas desprezíveis) a largura de permissão de livre-arbítrio acaba sendo a mesma de dirigir dentro de um túnel em engarrafamento eterno: siga adiante, nem ouse mudar de pista. E se mudares de pista, tentares dar uma ré do nada, é o fim, hermanito. Claro, há as pessoas que eventualmente desligam o carro, descem do veículo e tentam seguir andando, deixando tudo para trás. Essas eventualmente são atropeladas ou multadas por obstrução de rodovia.<br /><br />Enfim.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-24809630426336113542010-10-16T18:03:00.001-07:002010-10-16T18:10:39.352-07:00Dezesseis cápsulas de uma 30.6Um vácuo incrível de meses, eu sei.<br /><br />Não tenho tido lá muita paciência para meus queridos e inúteis posts. Não tenho pensado em coisas muito contundentes para postar e só tenho tido ânimo para histórias longas (tenho duas sendo articuladas em mente, com título e tudo. Estou criando ânimo para escrevê-las. Mas não, não aqui.), e tenho feito várias cadeiras (ou módulos, para os pedantes que não sabem a diferentes entre um aluno e um marceneiro, ok tosquice yo lo sé mas dane-se.), além de Alemão, e ainda tenho um namoro para zelar.<br /><br />Mas o que eu quero dizer é que ahn... absolutamente nada. Ouço Tom Waits (sim, por isso o título), tenho assistido séries, elas me dão algum ânimo pois então penso em coisas que não tem absolutamente nada a ver com minha vida ou minhas tendências complicativas. Tenho lido, meio que compulsivamente (no momento leio Cien Años de Soledad, de Gabriel García Márquez, numa edição lindíssima, de capa dura, impressa na Bolívia, em español mesmo, mas impressa em vários países de língua materna espanhola. Eu adoro a livraria Terceiro Mundo, gasto bastante dinheiro lá, e o retorno é pleno, óbvio.), e por causa dessa leitura tenho tido uma certa obsessão pela figura de Aldous Huxley. Sério, que puta escritor.<br /><br />E não tenho a paciência de Opala Maluca de tentar combinar uma foto ou ilustração para cada post. Texto cru, digitado com pouca ou nenhuma revisão, sem estética mesmo.<br /><br />E eras isso. Leiam mais, cabrones.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-74874746938725442712010-07-15T20:33:00.000-07:002010-07-15T20:58:08.491-07:00Alma<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.sutree.com/upload/thumbnails/29427.gif"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 401px; height: 302px;" src="http://www.sutree.com/upload/thumbnails/29427.gif" border="0" alt="" /></a><br />Vestiu seu melhor vestido, com suas melhores meias-calças, com seus melhores escarpins. Preto com preto com preto. E detalhes em prateado. Um lápis acentuou seu par de pálpebras vibrantes, ressaltando seus gigantes globos oculares, dois orbes brilhantes cheios de gravidade. Deixou o cabelo solto, com um leve volume nas mechas lisas acima dos ombros. Um pingente simples e sua bolsa de couro preta com detalhes em prateado. Estava combinando. Dois pequenos jatos de seu perfume amadeirado e nenhum batom, pois seus lábios já tinham toda a cor e todo o volume que algum ser poderia ter que ainda não fosse exagerado.<br /><br />Era uma criaturinha simétrica, no alto de sua jovem idade adulta e de seus um metro e setenta e quatro. Pele claríssima e cabelo cor de petróleo. Algumas sardas, mas ela gostava delas. Não usava brincos, pois possuia lobos recessivos.<br /><br />Encontrou suas duas amigas genéricas e saiu. Pagou a própria entrada. Foi ao bar e pediu um black russia. E mais um, agora para saborear. Suas amigas já haviam achado seus pares provisórios, mas ela continuava no seu canto. Ouvia a música genérica (a casa até que tinha um bom gosto musical, mas para ela tudo soava tão genérico quando de pano de fundo para aquelas pessoas genéricas). E bebericou seu black russia, num sofá ao canto, pernas cruzadas, esquerda sobre direita, a de cima balançando suavemente com os graves da música, fosse qual fosse. Não prestava atenção. Observava genericamente as pessoas igualmente genéricas. Grupinhos que se faziam, se consumiam em risinhos e risadas. Olhares cheios de segundas intenções para todos os lados, inclusive para cima dela. Via os garotos com seus garotos ou com suas garotas, e as meninas com seus pares quer sejam quais fossem eles. Tudo cheirava a provisório. A fumaça de black cigarettes, a álcool derramado, a suor e a hormônios. Um vomitódromo de hormônios. E ali ficou, bebendo lentamente seus copos de black russia. Encontrou suas amigas na saída, quatro horas depois. Ambas vermelhas, com sorrisos martelados em seus rostos, maquiagem borrada, cabelos bagunçados, roupas amassadas e cambaleando de embriaguez etílica. Pagou sua comanda e foi embora. <br /><br />Chegou em casa e se jogou na cama. Ligou seu computador e pôs seu media player no aleatório. Esfregou com o lado interno das mãos seu rosto, espalhando a maquiagem, sorrindo para o teto, esfregando seus pés ainda com meia um no outro. E sorria francamente. Pois sabia que era.<br /><br />Ela existia pois sabia que era. Mesmo que fosse uma mera ilusão. E mostrou seus belos dentes para o escuro de seu quarto.<br /><br />Ah, a felicidade pura é tão complexa e tão simples.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-47177391878148221402010-07-15T20:22:00.001-07:002010-07-15T20:30:59.891-07:0026Vinte e seis colheradas de arroz. Vinte e seis gramas de sal na panela. Vinte e seis goles de água no dia e vinte e seis suspiros de agonia.<br /><br />Vinte e seis dias desgastantes seguidos. Vinte e seis noites de sono mal-dormido.<br /><br />Vinte e seis dores. Vinte e seis horrores. Vinte e seis desamores. E o amor fica escasso.<br /><br />Vinte e seis descasos. Vinte e seis descompassos. Vinte e seis passos na sala, em dias sem cores.<br /><br />Vinte e seis casas com teto de cerâmica, vinte e seis carros trancando a rua.<br /><br />Vinte e seis desgostos na mesma semana. Vinte e seis dias esperando a mesma lua.<br /><br />Vinte e seis reais e vinte e seis centavos, e da alma ainda sobra muito pouco.<br /><br />Não há conserto, e não funciona. Não há troca nem acordo. O fogo e o louco.<br /><br />Vinte e seis linhas sem qualquer nexo. Vinte e seis vidas de um ser desconexo.<br /><br />Vinte e seis minutos perdidos, sem volta. Vinte e seis gerações sem vida, sem rumo.<br />Vinte e seis anos de índole torta. Vinte e seis anos de nada, em resumo.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-81927250504614558302010-07-15T20:09:00.001-07:002010-07-15T20:16:27.343-07:00Jornada de não-trabalhoAcordou e rolou para o chão e rastejou para fora do quarto. Molhou o rosto da água gelada dos canos em julho, bagunçou um pouco mais o cabelo e ensaiou um sorriso para si mesmo. Sorriso. Rambo face. E risadas solitárias num banheiro de apartamento de solteiro num prédio qualquer. Bagunçou mais um pouco o cabelo, testou seus não-músculos no espelho e foi à cozinha. Pegou qualquer bebida láctea na geladeira e bebeu no gargalo. Pegou um punhado de cereal matinal na caixa e agrediu a gengiva. E estava pronto para o seu maravilhoso dia.<br /><br />Liga o computador, coloca alguma coisa com graves displicentes para tocar. Sobe no sofá e surfa nas almofadas densas. Gira e gira e cai deitado. Ri sozinho, olhando para o teto. Vai para a janela, acende um cigarro e o absorve por um tempo de vida inteiro - uns poucos minutos, lentamente.<br /><br />Desliga o som, desliga a mente, desliga o corpo. Cai novamente, e fica estendido na cama por horas.<br /><br />E é para isso que ele trabalha tanto. Para ter uma boa cama, um bom computador, um bom maço de cigarros num bom apartamento onde ele possa se orgulhar de não fazer nada de forma extremamente confortável.<br /><br />E, sem se importar se foi ou não convidada, sua barba continua crescendo.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-1428234564543067522010-07-15T19:53:00.001-07:002010-07-15T19:59:29.920-07:00Pior do que LosterhA mesma cara, a mesma mente. As mesmas roupas, os mesmos óculos. Mesmos vícios, mesmas idiossincrasias.<br /><br />Um dia a mais, mais do mesmo. Mais um semestre passando e a vida igual.<br /><br />Não. Não sou um ser fixo. Mudo e me modifico, tenho o desprazer de ter o bom senso de cansar de mim mesmo de quando em quando e de me re-criar. Sim! Me recriar! Para virar outra coisa diferente que dá na mesma. Mesmo vazio. Mesma irrelevância.<br /><br />Mas eu diria que o problema não está no ser, e sim na forma de expressar.<br /><br />Cada pessoa existe de duas formas: como as vemos e como elas nos deixam que as vemos. Nunca se vê o que de fato se é. Às vezes se tem sorte de o que se vê e o que se é serem, de certa forma, congruentes. Mas são raras as vezes, e tais indivíduos são tão simples e descomplicados que não têm a menor graça.<br /><br />Então nem ouso dizer que não estou sendo criativo. Talvez eu apenas não me mostre criativo. Talvez eu não aparente ser. Não ligo. O que importa é que minha mente precisa de mentor, e eu mesmo abandonei minha causa para ir para happy hours mentais em caracteres limitados e fotos sem título.<br /><br />Não cansei. Não canso de despejar bobagens, é útil. Mas eu mudo, e comigo vai minha escrita, minha paciência, meu tempo dedicado a cada coisa e, certamente, minha playlist.<br /><br />Olá, playlist. Baloite.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-60250226081824078352010-07-15T19:50:00.000-07:002010-07-15T19:52:50.074-07:00Aviso aos navegantesUm aviso direto, sem metáforas: esse blog está em baixa por dois motivos:<br /><br />1: falta de tempo e disposição para escrever posts.<br />2: uso de outros meios mais eficazes de expressar o que penso, de forma mais rápida.<br /><br />E sim, eu usei mais ":" do que deveria.<br /><br />Mas não se desesperem, todos meus 0 leitores, pois isso não quer dizer que abandonei o blog at all.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-27786919504708228592010-06-24T18:48:00.000-07:002010-06-24T18:49:10.845-07:00VácuoTotal falta de. Acho que tudo se foi, como um deus que se descobre inexistente, ou como um aparelho que se desliga. Apenas não é mais.<br /><br />Ou não agora. É, não agora.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-90158305960443569302010-06-05T10:23:00.000-07:002010-06-05T10:24:25.354-07:00MonotoniaMais um sábado sem voz, resfriado, desanimado. Mais um final de semana começando sem graça, mas que não necessariamente assim permanecerá.<br /><br />Mais uma vida jogada fora. Em um só tom. Monótono.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-58982349105955834302010-05-04T17:06:00.000-07:002010-05-04T17:09:17.186-07:00O tédio do ser não sendo.A vida é uma sequência de dívidas com promessas de pagamento, justificativas e prazos prolongados. Desculpas. Desvios. Quebras de norma e outras desculpas.<br /><br />Falsas obrigações são criadas, e com elas vêm as necessidades, os deveres. Dever moral. Dever cívico.<br /><br />Como eu mesmo diria: não.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-72755301238912525582010-05-01T07:28:00.000-07:002010-05-01T07:32:28.626-07:00Doce metástase.Porque, do ser e do estar, só me restam migalhas. Atravesse a ponte e aponte o dedo às estrelas. Todos os dedos, indique. Indique. Erga seus punhos magricelos como antenas para o céu. Como pararraios patéticos, plásticos, deformativos.<br /><br />Hoje eu acordei pensando em ti. Na tua face, na tua forma. Caos passivo, maldito.<br /><br />Me risquei da lista de coisas a fazer. Não sou.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-84057512071840787882010-04-24T05:18:00.000-07:002010-04-24T05:20:57.263-07:00Pigs<object width="460" height="300"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/Wc9qJS-GG-c&hl=pt_BR&fs=1&rel=0"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/Wc9qJS-GG-c&hl=pt_BR&fs=1&rel=0" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="460" height="300"></embed></object>Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-88561601902577236822010-04-20T01:33:00.001-07:002010-04-20T01:34:07.494-07:00Figura 1.2Contendo os fragmentos 17 a 45.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-76305157723229135432010-03-29T16:29:00.000-07:002010-03-29T16:32:05.004-07:00E ressalto......que essa é a prova de que uma falta de respeito e consideração podem gerar algo que aparentemente é sem volta. Sem volta de fato, talvez.<br /><br />Passo por cima de mim mesmo para criar uma volta, e dá na mesma?<br /><br />Ah ok, não sei se sou bem eu que tem que torcer novamente o braço. Sou eu sempre o otário, então para que me enganar?<br /><br />No fundo tu não queres nada de fato, só brinca e me usa de pretexto para argumentar e desenvolver formas de intrigas e brigas.<br /><br />Bom dia, Espelho, olhe em si mesma.Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-352252109541052893.post-13409129862643433052010-03-29T16:23:00.000-07:002010-03-29T16:24:22.361-07:00Um quote"Em chuva de pica pega a menor e senta. Quando as maiores vierem teu cu já vai estar ocupado."<br /><br />(Azaghâl, o Anão)Menoshttp://www.blogger.com/profile/05565405428594925516noreply@blogger.com0